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JOSÉ HORÁCIO COSTA
( BRASIL – SÃO PAULO )
José Horácio de Almeida Nascimento Costa
Professor universitário e poeta com vários livros de criação e crítica literária publicados em diversas línguas; sua poesia está traduzida para a línguas espanhola, inglesa, francesa, catalã, alemã, sueca, italiana, holandesa, macedônia, romena e búlgara. Seus mais recentes livros de poemas foram: Ravenalas (2008); Ciclópico Olho (2011); Bernini (2013), Ravenalas y otros poemas (Buenos Aires, 2013), 11/12 - Onze Duodécimos (2014), A hora e vez de Candy Darling (2016), Duas ou três coisas airadas (2018), Satori ? 30 anos, 2019, São Paulo, 20 de Março de 2020 (2021) e Viagem ao México 3 (Lisboa, Portugal e Lima, Peru, em tradução ao espanhol, 2022).
Recebeu o prêmio da APCA (Associaçâo Paulista de Críticos de Arte), em 1990, pela organização do encontro internacional que gerou o livro A palavra poética na América Latina (1992). Defendeu tese de doutoramento original sobre José Saramago em 1994 ("José Saramago: O período formativo", publicado em 1997 em Portugal, em tradução ao espanhol em 2003 no México, e em re-edição de 2020, no Brasil). Em 1993, recebeu a "Distinción Universidad Nacional para Jóvenes Académicos" em "Aportación Artística y Extensión de la Cultura", outorgada pela Universidad Nacional Autónoma de México-UNAM, da qual era professor na Faculdade de Filosofia e Letras ("Colegio de Letras Hispánicas"). Foi membro do júri de vários prêmios internacionais, inclusive o da FIL-Guadalajara (2013 e 2014) e presidente do júri do Prêmio Octavio Paz de Poesia e Ensaio (2000). Foi, também, presidente da ABEH - Associação Brasileira de Estudos de Homocultura no biênio 2006-2008.
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1978), mestrado em Artes - New York University (1983), mestrado em Filosofia - Yale University (1986), mestrado em Artes - Yale University (1986) e doutorado em Filosofia (PhD), Yale University (1994). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa, especialmente em poesia e no estudo do cânone poético das línguas portuguesa e espanhola, e em estudos comparativos Portugal, Brasil e América Hispânica. Traduziu poetas modernos centrais, como Octavio Paz, José Gorostiza, César Vallejo e Elisabeth Bishop. Morou vinte anos fora do Brasil, fixando residência em diversos países como EUA, Espanha, Portugal e México, onde foi professor-titular da mencionada Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM. Retornou ao Brasil em 2001 para dar aulas como professor de tempo completo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Desde 2020 é professor livre-docente (Associado) em dita FFLCH-USP. Seu livro Bernini foi o vencedor da 56ª edição do Prêmio Jabuti na categoria poesia, em 2014. Ocupou as cátedras "Alfonso Reyes", de El Colegio de México e "José Saramago", da Facultad de Filosofía e Letras das UNAM. É membro do "Centro de Humanidades - CHAM" da FCSH da Universidade Nova de Lisboa no projeto "Cultura, história e pensamento ibéricos e ibero-americanos", e do "Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa", da Universidade do Porto, Portugal, no projeto "Intersexualidades". Tem mais de 50 ensaios em revistas acadêmicas e coordenou o Programa de Pós-Graduação de Literatura Portuguesa da FFLCH-USP (2018-20). Em 2020 foi selecionado com a bolsa CAPES-PRINT/USP na categoria "Visitante Sênior" para permanecer um semestre na FFyL-UNAM em 2021, para desenvolver a pesquisa "Livros e autores portugueses na Nova Espanha e no México Independente 1550-1810", que fora objeto de sua estância de pós-doutoramento nessa mesma universidade em 2017.
Informações coletadas do Lattes em 20/04/2024
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 22. Ano 1. Janeiro – Março 2006. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2006. ISSN 0104-0626. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Inconcluso
Sentado ao pé do Palazzo Farnese
considerando caminhar a sós a Via
Giulia, agora que cai a tarde d´outono,
ao lado do casal de americanos
— ele bermuda khaki, ele cabelos
de milho, ambos felizes, si vede,
in Rome, togheder in Rome — penso
nas vezes que visitei esta praça
com os meus dois maridos ausentes:
um morto, afogado em Zihuatanejo,
outro divorciado, a operar suas
parturientes, já que é terça hoje,
e notando os padres jovens e belos
que asseguram o perpétuo da Igreja
e que lentos desfilam aos pares,
sim, em Rome, sinto-me só e observo
não apenas o que aos olhos é festa
mas também as minhas próprias mãos:
saíram-me manchas de melanina
esparsas pelos dorsos, e falam-me
mais alto que memórias de promenades
passadas no tempo sem pressa e finito,
e do devir que não vem nem se esvai
e quebra-se do contemplar o encanto
com essas manchas recentes, que esgotam
o corpo, dia a dia, no agora. Prevejo
passear a mais bela rua de Roma.
dom o novo peso das pintas-surpresa
e vêm-me saudades de um sono antigo,
de um escapar da vida sem o propor-se
e dos monumentos e pontos turísticos
para dentro do amor e seus avatares,
sinto-me só, cresce o foro da melanina,
sem esforço suspendo a escritura
se prepara-se em mim o trajeto
rumo à Via del Consolato t
onde viveu Murilo Mendes, e o saúdo
no meio do poema inconcluso, no último
terceto e perto, cada vez mais, do último
som.
*
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Página publicada em agosto de 2024
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